quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os livros são a nossa casa

Jovem menina lendo, Jean-Honore Fragonarde

O jornal americano Huffington Post (Huff Post, para os íntimos), publicou em seu blog algumas citações referentes à leitura e ao poder que os livros têm de nos entreter, nos confortar, nos desafiar e inspirar. Não é que eu precise de qualquer motivo especial para amar os livros, mas confesso que me divirto com os dizeres de grandes escritores sobre o assunto. Então sente-se na poltrona mais confortável de sua casa, pegue uma xícara de chá e me acompanhe nessa diversão:


Quanto mais você lê, mais você aprende. Quanto mais você sabe, para mais lugares você vai. Dr. Seuss

O livro é uma invenção que alimenta a nossa imaginação. Alan Bennet

O mundo dos livros é a mais notável criação do homem. Nada mais que ele criou dura tanto. Monumentos desabam; nações perecem; civilizações envelhecem e morrem; e, após uma era de escuridão, novas raças dão origem a outras. Mas, no mundo dos livros, os volumes assitem a tudo isso repetidamente, mas permanecem, jovens ainda, tão frescos quanto no dia em que foram escritos, ainda falando aos corações dos homens sobre os corações de homens mortos há séculos. Clarence Shepard Day

Livros são o avião, e o trem, e a estrada. Eles são o destino e a viagem. Eles são nossa casa. Anna Quindlen

Os livros são os mais quietos e presentes amigos; eles são os mais acessíveis e sábios conselheiros e os mais pacientes dos professores. Charles William Eliot

Todos os bons livros se assemelham no fato de que eles são mais verdadeiros do que se tivessem realmente acontecido e, depois de terminar a leitura, você vai sentir que tudo aquilo aconteceu com você e que tudo aquilo pertence a você; o bem e o mal, o êxtase, o remorso e a mágoa, as pessoas, os lugares e o clima. Ernest Hemingway

Eu leio até não poder mais e não é o suficiente... Quanto mais eu leio, mais percebo que é preciso ler. John Adams

A leitura está para a mente assim como o exercício está para o corpo. Com ele, a saúde é preservada, fortalecida e envigorada; com a primeira, a virtude (que é a saúde da mente) é mantida viva, celebrada e reforçada. Joseph Addison

Um livro também pode ser uma estrela, ‘material explosivo capaz de perturbar, agitar vida nova infinitamente’, um fogo vivo que ilumina a escuridão até o universo em expansão. Madeleine L’Engle

Se as coroas de todos os reinos da Europa fossem dispostas aos meus pés em troca dos meus livros e do meu amor pela leitura, eu desprezaria todas elas. François Fénelon

Um livro é um amigo cuja face está constantemente se transformando. Se você o lê enquanto está se recuperando de uma doença e retorna a ele anos depois, ele certamente mudou, com a mudança em você. Andrew Lang

O amor pelos livros não requer justificativa, desculpa ou defesa. J.A. Langford

A primeira vez que eu leio um excelente livro é para mim como se eu ganhasse um novo amigo. Quando eu leio novamente um livro que eu li atentamente antes, isso me lembra o encontro com um velho amigo. Oliver Goldsmith

Não importa sua posição social, o amante de livros é a mais rica e a mais feliz das crianças dos homens. J.A. Langford  

O hábito de ler é a única diversão incondicional que eu conheço. Ele continua quando todos os outros prazeres desvanecem. Ele estará lá para te apoiar quando todos os outros recursos tiverem acabado. Ele estará presente quando todas as energias do seu corpo tiverem se afastado. Ele te acompanhará até sua morte. Ele tornará suas horas prazerosas enquanto você vive. Anthony Trollope

O primeiro livro tem algo da docura do primeiro amor. Robert Aris Willmott

Às vezes lemos um livro e ele nos preenche com um entusiasmo tão estranho e evangélico que ficamos convencidos de que o mundo devastado jamais será recomposto a menos que todos os homens o leiam. John Green

Nenhum entretenimento é tão barato quanto a leitura, nem nenhum prazer tão durador. Lady M. W. Montagu

De todas as coisas que o homem pode fazer ou construir cá em baixo, de longe a mais importante, maravilhosa e valiosa são os livros. Thomas Calyle


 Boas leituras!!


quarta-feira, 23 de julho de 2014

O arranha-céu e a casinha de contos de fadas

Duas experiências recentes – complementares, apesar de contrastantes – me fizeram refletir.
A primeira foi minha visita à exposição Futurismo Italiano, 1909-1944: Reconstruindo o Universo, no Guggenhein de Nova York, em cartaz até setembro (Veja a página da exposição aqui). O movimento, que teve início com a publicação do Manifesto Futurista de Filippo Tommaso Marinetti, representou uma ruptura com o antigo, com a cultura decadente e a identidade nacional voltada para o passado. Exalta a modernidade, marcada pelo desenvolvimento da indústria, pelas máquinas, pela velocidade, explorando aspectos como a fragmentação da forma, o colapso do tempo e do espaço, o movimento dinâmico e perspectivas estonteantes. Arranha-céus, engrenagens, rodas e relógios acelerados, meios de locomoção, letras trêmulas, formas indefinidas, materiais metálicos, mulheres distorcidas. Tudo isso resulta em geral em quadros tão coloridos e em imagens tão misturadas e sobrepostas que nos levam a uma certa vertigem e até mesmo ao cansaço. 

                         

No decorrer da visita, comecei a pensar que aquilo tudo tinha a ver com Nova York. O mesmo excesso, o movimento, o barulho e a vertigem que a cidade de Nova York causa nas pessoas, mesmo que elas nem percebam, inebriadas pelo ritmo acelerado constante que dificulta o pensar, o sentir, o estar. Então me deparei com o quadro de Fortunato Depero, Scryscrapers and tunnels (Arranha-céus e túneis), de 1930, dedicado a New York, e não tive dúvida - este representa a agitação alucinante que ouço, da minha janela, incessantemente, dia e noite:

Skyscrapers and tunnels, Fortunato Depero, Itália, 1930

Em contraste drástico com tudo isso, está a cidade de Carmel, na Califórnia, que visitei recentemente. Como eu poderia imaginar que, neste país chamado Estados Unidos, haveria uma cidadezinha bucólica, à beira-mar, cujas casinhas de contos de fadas não têm número, identificadas apenas pelo nome? Foram essas casas que mais me chamaram a atenção. Em 1924, no auge do Futurismo na Europa, Hugh Comstock, que não tinha nenhum conhecimento de arquitetura nem de construção, decidiu construir uma casa para sua esposa, Mayotta, confeccionar e vender as bonecas que fazia por hobby. Com pouquíssimos recursos e inspirado pelo trabalho do ilustrador Arthur Rackham, Comstock comprou um lote e construiu a primeira das 21 casas que inspirariam toda a arquitetura da cidade e que viriam a valer milhões (Veja fotos em Once Upon a Time: Tales from Carmel by the Sea). Essas se caracterizam por telhados pontiagudos, chaminés e lareiras  delicadas, alpendres, jardins protegidos por cercas de madeira, quintais escondidos, muito desse trabalho feito a mão. Flores, muitas flores coloridas. Dentro, teto baixo, pequenos cômodos, alguns secretos, projetados para duendes e que tiveram de ser adaptados para os moradores atuais. 

                                      

Se eu tivesse alguns milhões de dólares, compraria uma casa dessas e moraria lá tranquilamente. Acordaria de manhã bem cedo, comeria maçãs e croissants, desceria a íngreme Avenida do Oceano até chegar à praia, sentaria num daqueles troncos secos e retorcidos, convidando à meditação, sentiria a areia em meus pés, apreciaria o mar azul através dos raios solares novos da manhã e voltaria para casa, subindo a ladeira bem devagar, dizendo bom dia aos amigos. Depois cuidaria do jardim com esmero, daria água aos passarinhos e me deixaria ficar no banco de madeira do quintal por algum tempo, agradecendo à vida por estar ali. Mais tarde, andaria pelas ruazinhas tão calmas, parando pelo caminho para apreciar quadros nas galerias, e iria tomar chá no vizinho. Muitos risos, mas não muito altos para não assustar os pássaros e grilos. E teria todo o resto do dia para ler, ou quem sabe escrever, em silêncio. Ah, o silêncio... Esse tesouro que a Nova York futurista perdeu há muito tempo!