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Você sabia que o dia 23 de março é o Ok Day (o Dia do Ok)? Isso mesmo: a palavra ok, uma das mais populares do mundo e a mais versátil da língua inglesa, tem um dia dedicado a ela e, na semana passada, completou 175 anos.
Há muitas versões sobre o surgimento do ok, mas, segundo a mais aceita por linguistas americanos, ele foi registrado pela primeira vez em 23 de março de 1839 no jornal Boston Morning Post, que o usou como abreviação da expressão “oll Korrect”, grafia incorreta de “all correct” (“tudo certo”), baseada na pronúncia. Foi, na verdade, uma piada que acabou se tornando a palavra mais usada da língua inglesa e a mais compreendida no mundo todo, mais do que Coke (Coca-Cola).
O ok tornou-se ainda mais popular depois de, na década de 1840, ser usado pelo
Presidente Martin Van Buren em sua campanha à reeleição. Sendo ele original da
cidade de Kinderhook, no estado de Nova York, e membro do Old Kinderhook
Democratic Club (Clube Democrático Antigo de Kinderhook), adotou o slogan “Ok
is Ok”, redução de “Old Kinderhook is OK”. Buren não venceu as eleições, mas até hoje essa cidade reivindica o status de criadora da expressão por causa desse episódio político.
Mais
tarde, foi escolhido pelos operadores de telégrafo como uma abreviação fácil
para dizer que receberam a transmissão com sucesso.
Não
deixa de ser significativo que, em 1969, as primeiras palavras proferidas por
Buzz Aldrin ao chegar à lua foram. “Ok. Engine stop.”
É
verdade que a associação com “all correct” representa uma memória vaga nos dias
de hoje, apenas uma curiosidade linguística, mas não há dúvida de que a sigla
tornou-se uma das mais versáteis palavras ao redor do mundo.
Ok
pode ser substantivo (“O diretor deu o seu ok.”), adjetivo (“Ele está ok.”), interjeição de aprovação (Ok!) e, em
inglês, ainda pode ser verbo (“I okayed it”: “Eu aprovei isso”) e advérbio (Ele dirige
ok.”: “Ele dirige bem.”). Em geral, denota aceitação
("Ok, você venceu!"), confirmação ("Ok, eu te acompanho."). Dependendo da entonação,
indica algo que é bom, muito bom, simplesmente aceitável ou até mesmo medíocre. É também muito
usado para introduzir um assunto ("Ok, vamos falar sobre as câmeras digitais.") ou
chamar a atenção da audiência para um discurso ("Ok, vamos dar início ao
debate."). Pode funcionar como um marcador conversacional, indicando que o
ouvinte está atento à conversa. Usa-se no final de
documentos para marcar aprovação e, mais modernamente, é a tecla em que
clicamos para aceitar uma ação do computador. O ok pode ainda ter um valor emocional, sendo muito utilizado pelas mães americanas, que, ao afagar seus filhos, repetem em tom reconfortante: "It's ok, it's ok…". É também com essa palavrinha que elas encerram o assunto quando a paciência está quase acabando. Como se vê, trata-se de uma palavra altamente funcional, não sendo à toa que é a mais bem sucedida da língua inglesa.
Segundo
Allan Metcalf, maior especialista no assunto e autor do livro Ok: a improvável história da maior palavra da América (Ok: The improbable history of America's greatest word, Oxford University Press, 2010, 224
páginas), essa palavra de apenas duas letras se tornou tão popular porque expressa
o que há de mais genuíno na visão de mundo norte-americana: é simples, sucinta,
enfática e sobretudo eficaz. Para ele, quando se expressa aprovação com um ok, o que se quer não é a perfeição, mas que a ação seja simplesmente concluída,
efetivamente.
Vale notar que essa prática, hoje muito comum, de transformar acrônimos e siglas em palavras de
uso comum já era habitual há quase dois séculos. Atualmente, a linguagem jovem,
particularmente a da Internet, é um prato cheio para o surgimento de novos vocábulos. Resta saber qual deles seguirá o caminho de sucesso do ok, sobrevivendo ao tempo, sendo registrado no dicionário, usado em todo o mundo e por todos compreendido.
É interessante observar que o ok foi registrado oficialmente pela primeira vez nos Estados Unidos em 1864, em um Dicionário de Gírias (The Slang Dictionary), ao passo que, no Brasil, parece ainda não haver esse reconhecimento. A despeito de a letra k ter sido oficialmente integrada ao alfabeto pelo Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e de o ok ser bastante utilizado nos países lusófonos, ele não está registrado no Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras nem em seu Dicionário Escolar, desse modo não fazendo parte, oficialmente, do vocabulário da língua portuguesa. Será mesmo?!
Tarefa para a próxima edição, senhora Academia. Ok?!
É interessante observar que o ok foi registrado oficialmente pela primeira vez nos Estados Unidos em 1864, em um Dicionário de Gírias (The Slang Dictionary), ao passo que, no Brasil, parece ainda não haver esse reconhecimento. A despeito de a letra k ter sido oficialmente integrada ao alfabeto pelo Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e de o ok ser bastante utilizado nos países lusófonos, ele não está registrado no Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras nem em seu Dicionário Escolar, desse modo não fazendo parte, oficialmente, do vocabulário da língua portuguesa. Será mesmo?!
Tarefa para a próxima edição, senhora Academia. Ok?!